03/11/2011

ESTOICISMO E CRISTIANISMO NA COSNTANTE FLORINDA: ABISMOS ENTRE A PAIXÃO HUMANA E O AMOR DIVINO

A obra Infortúnios trágicos da constante Florinda, de Gaspar Pires de Rebelo, foi publicada em 1625. Devido ao sucesso alcançado pelo texto, veio a público, em 1633, uma continuação intitulada Constante Florinda parte II, em que se dá conta dos infortúnios que teve Arnaldo buscando-a pelo mundo. As duas partes, quanto ao gênero em que se inserem, fazem uso de elementos das epopéias em prosa gregas e bizantinas e das novelas de cavalaria ibéricas. A Constante Florinda (esse é o título pelo qual a obra ficou conhecida) foi muito lida nos séculos XVII e XVIII e praticamente esquecida nos séculos seguintes. Percebe-se, nos textos, um tema central: o amor firme e constante dos personagens principais (Florinda e Arnaldo), que viajam pelos mais diversos lugares, enfrentando incontáveis infortúnios, apenas para se manterem fiéis a seus amados. É um amor tanto mais virtuoso e persistente quanto mais se depara com vícios e desenganos do mundo, sendo preferível, em última instância, a morte a perder a honra entre peregrinações sem rumo e paixões sem freio. Mas tal amor, por mais virtuoso que seja, é também apenas paixão (pathos), pois tudo que está abaixo do Céu carece da perfeição divina. Assim, é intuito deste trabalho refletir sobre essas questões, baseando-se nos elementos estóico-cristãos que enformam o conteúdo da obra, cujo ofício é deleitar (delectare) e ensinar (docere) para mover (mouere) os leitores a agirem, sabiamente, frente aos infortúnios da vida. Afinal, o sábio estóico-cristão domina a Fortuna submetendo-se à Providência que rege o mundo, opera sempre perfeita da Razão divina.

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Fonte:

Marcelo LACHAT/ UNICAMP

 

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