01/07/2011

I. A Celebração Dominical da Palavra na ausência do Padre: Valor Teológico-Litúrgico-Sacramental.

a) Não se trata de uma reunião qualquer, mas de uma “assembléia litúrgica” constituída. Isto é: assembléia do povo sacerdotal, profético e régio; Corpo de Cristo no Espírito Santo; sacramento da Igreja, “noiva” ou esposa do Cordeiro; lugar da presença do Senhor com seu Espírito transformador e do envio em missão. (SC 41/42; CIC 1136/1144)

b) A comunidade está reunida para uma verdadeira “ação litúrgica” como descrito e incentivado pelo Vaticano II “Promova-se a celebração da Palavra de Deus nas vigílias das festas mais solenes, em alguns dias feriais do Advento e da Quaresma e nos domingos e dias de festa, especialmente onde não houver sacerdote; neste caso, será um diácono, ou outra pessoa delegada pelo Bispo, a dirigir a celebração” (SC 35, par. 4)
c) Ao ser proclamada a Palavra de Deus na liturgia está se realizando uma ação simbólico-sacramental, pois é o próprio Cristo que fala quando se lêem as escrituras. A presença de Jesus Cristo pela sua Palavra passa por sinais sensíveis: o leitor, a leitura, o tom de voz, o lugar da proclamação, a comunicação entre o leitor e os ouvintes, a disposição em ouvir da parte da assembléia, por isso se diz simbólico-sacramental. Realizam, pois, aquilo que significam, mas isso não é automático dependem dos leitores, da assembléia litúrgica, do lugar da proclamação, ou seja, dos sinais sensíveis.[2]
d) Celebração do Domingo, dia do Senhor, festa primordial, celebração do mistério pascal, morte e glorificação do Senhor Jesus (DCDAP, 8/11)

e) É “celebração dos mistérios do Senhor ao longo do ano litúrgico”, com as leituras bíblicas, orações, símbolos e cantos. Revela o mistério de Cristo possibilitando que penetremos nele e sejamos repletos pela graça da salvação. (cf. SC 102). A revelação, realizada por Deus, que tem como mediador e plenitude Jesus Cristo, contida na Sagrada Escritura, ganha pleno significado, quando o texto é proclamado na celebração litúrgica, como relata a introdução do lecionário: “a economia da salvação, que a palavra de Deus não cessa de recordar e prolongar, alcança seu mais pleno significado na ação litúrgica, de modo que a celebração litúrgica se converta numa contínua, plena e eficaz apresentação desta palavra. Assim, a palavra de Deus, proposta continuamente na liturgia, é sempre viva e eficaz pelo poder do Espírito Santo, e manifesta o amor ativo do Pai que nunca deixa de ser eficaz entre as pessoas” (OLM 4).[3]
f) É Cristo quem fala quando se lê as escrituras na comunidade reunida. Ele está vivamente presente quando se lêem as escrituras. “Cristo está presente na sua palavra, pois é Ele quem fala quando na Igreja se lêem as Sagradas Escrituras..” (SC 7; IELM 1-9). De fato “a Igreja sempre venerou a Sagrada Escritura da mesma forma como sempre venerou o próprio Corpo do Senhor, porque, de fato, principalmente na sagrada liturgia, não cessa de tomar e entregar aos fiéis o pão da vida, da mesa da palavra de Deus como do corpo de Cristo” (DV 21)[4]. Por isso a importâncias das duas mesas: a da Palavra e a Eucarística; ambas expressam o alimento espiritual e para o corpo (Mt. 4,4).[5] Se de fato Cristo está realmente presente  em sua Palavra, realiza o mistério da salvação, santifica os homens e presta ao Pai o culto perfeito, prolonga a economia da salvação, é sempre viva e eficaz (Doc 52 CNBB, 1-25).
g) “Gestos e ações simbólicas” expressam, na celebração dominical da palavra, a graça que nos vem da Páscoa de Cristo. Ex.: sinal-da-cruz, acendimento do círio, bênçãos, partilha de alimentos, etc.

II . Os ministros e ministras na Celebração da Palavra de Deus

a) A presidência nas Celebrações da Palavra

A “presidência” ou coordenação da celebração dominical da Palavra fica por conta de um diácono, de um coordenador da comunidade, de um ministro da Palavra, MECE, de um catequista ou outra pessoa designada pelo padre ou pela comunidade para exercer tal função. A presidência também pode ser compartilhada, repartindo entre si as diversas funções. (n.º 42, Doc 52 da CNBB; n.º 100, Doc. 43 da CNBB ).

Algumas funções da presidência:
a)     Acolhimento;
b)     Assegurar a unidade dos participantes da assembléia;
c)     Ser sinal vivo da relação da comunidade com Deus, falando à comunidade em nome de Deus; falando em Deus em nome da comunidade;
d)     Garantir a partilha da Palavra da Deus.
e)     Dar bênçãos;
f)      Fazer louvação, etc.

Em sentido amplo, qualquer ministério, seja da presidência, leitor, cantor... atua em nome de Cristo. De qualquer forma, a Introdução ao Lecionário esclarece que “quem preside da liturgia da Palavra...” (IELM, 38 ss), parecendo assim, incluir a Celebração da Palavra na ausência do presbítero. Também no Documento 52 aparece o termo “presidência” como um dos serviços necessários à celebração da Palavra (n.º 42)

Todavia, é bom esclarecer que não se trata de um “poder” que o presidente exercerá, mas acima de tudo um “serviço” que essa pessoa prestará à comunidade, no Espírito Santo, juntamente com outros ministros. Não é mérito, mas responsabilidade de exercer essa função.

É importante entender que quem celebra é a comunidade eclesial, povo de Deus reunido em assembléia (SC 26). A base teológica está na participação dos fiéis no sacerdócio régio de Cristo pelo sacramento do Batismo. Nele nos tornamos povo sacerdotal. Cristo é a cabeça desse corpo e estamos unidos a ele como seus membros na unidade do Espírito Santo.

De tal modo que é “toda a comunidade, o corpo de Cristo unido à sua Cabeça, que celebra. ‘As ações litúrgicas não são ações privadas, mas celebrações da Igreja, que é o 'sacramento da unidade', isto é, o povo santo, unido e ordenado sob a direção dos Bispos. Por isso, estas celebrações pertencem a todo o corpo da Igreja, influem sobre ele e o manifestam; mas atingem a cada um de seus membros de modo diferente, conforme a diversidade de ordens, ofícios e da participação atual efetiva.’ É por isso que ‘todas as vezes que os ritos, de acordo com sua própria natureza, admitem uma celebração comunitária, com assistência e participação ativa dos fiéis, seja inculcado que na medida do possível, ela deve ser preferida à celebração individual ou quase privada’”. (CIC 1140)

Nas ações litúrgicas, cada um desempenha sua função de acordo com o que lhe cabe. Assim, na celebração dos sacramentos, a assembléia inteira é o ‘liturgo’, cada um segundo sua função, mas na ‘unidade do Espírito’, que age em todos. ‘Nas celebrações litúrgicas, cada qual, ministro ou fiel, ao desempenhar sua função, faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete.’ (CIC 1144)

Veja então que é de fundamental importância que os diversos ministérios na Celebração  da Palavra de Deus sejam diferenciados de acordo com a função que lhes competem. Por isso o “presidente” deve desempenhar o verdadeiro ministério de “presidir”, coordenar a ação litúrgica da celebração da palavra, cumprindo e desempenhando os ritos, orações, bênçãos, partilha, louvações conforme lhe cabe.

b) Outros ministérios inerentes à Celebração da Palavra de Deus[6]

Os leitores e leitoras assumem um verdadeiro ministério litúrgico (cf. SC 29; Cân. 230 CDC). Proclamam a palavra do Senhor, são servidores de Jesus Cristo, emprestam a própria voz para que o anúncio salvífico chegue ao coração das pessoas. Para isso, é importante a preparação dos mesmos: “O que mais contribui para uma adequada comunicação da palavra de Deus à assembléia por meio das leituras é a própria maneira de proclamar dos leitores, que devem fazê-lo em voz alta e clara, tendo conhecimento do que lêem” (IELM, 14).

O diácono é o ministro que tem a função de proclamar o Evangelho, ponto alto da liturgia da palavra (cf. OLM 13,17) e também fazer de vez em quando a homilia (cf. OLM 50).

O salmista entoa o salmo que é palavra de Deus cantada. Este deve ser “dotado  da arte de salmodiar e de uma boa pronúncia e dicção” (OLM 56; IGMR 102). Para este também é necessário formação bíblico-litúrgica, espiritual, musical e técnica.

O homiliasta que na maioria das vezes é o presidente da celebração, ou eventualmente um outro padre ou diácono (cf. OLM 38, 41, 50; IGMR 66), faz a homilia de tal forma que o povo compreenda saborosamente a palavra de Deus e possa ligar textos sagrados à realidade na qual vivemos e o mistério celebrado.

O(a) animador(a) introduz as leituras com palavras claras, sóbrias e concisas, ajudando a assembléia a estar atenta  à escuta.
É importante a postura do corpo, o tom da voz, o olhar dos ministros e ministras da palavra, a boa qualidade do som... Tudo deve preparado e realizado com verdadeira unção para que a palavra de Deus seja proclamada dignamente e cumpra sua missão.

Devem ter uma preparação acima de tudo espiritual para serem porta-voz da palavra de Deus e anunciarem dignamente a mensagem de salvação. Necessitam ainda de uma preparação técnica, familiarizando-se com a linguagem bíblica e também uma formação litúrgica mínima para conhecerem a dinâmica do ciclo anual litúrgico A, B, C. (IELM 55)[7]

Concluindo

Importante para todos os que exercem ministério nas ações litúrgicas é a constante formação litúrgica para desempenhar adequadamente e com dignidade as funções que compete a cada um dentro da dinâmica da celebração da Palavra de Deus.

É fundamental que todos aqueles que de certa forma contribuem para o bom andamento e desenvolvimento da ação litúrgica esteja familiarizado com os todos aspectos inerentes à Celebração da Palavra de Deus na ausência do presbítero.

O espírito litúrgico deve estar presente em todos os homens e mulheres que assumem funções ou só participam na Liturgia e tenham consciência dos mistérios que celebram além de serem capacitados para executar as suas funções.

Os sacerdotes, seminaristas, irmãos e irmãs religiosos tenham no programa de seu processo formativo a preocupação de transformarem a Liturgia em fonte da própria
Orientações para a Celebração da Palavra de Deus[8]
“Cristo está presente na sua palavra, pois é Ele quem fala quando na Igreja se lêem as Sagradas Escrituras..” (SC 7)

Ritos iniciais

Nos ritos iniciais e de acolhida são importantes ainda, para se criar o clima de encontro: o ensaio de cantos, um breve tempo de oração pessoal e silenciosa, a recordação de acontecimentos da semana ligados à vida das pessoas, famílias, comunidades, diocese, país e do mundo, ligando a Páscoa de Jesus Cristo com os acontecimentos da vida.

É importante a apresentação das pessoas que tomam parte pela primeira vez, ou que estão em visita ou de passagem pela comunidade; a lembrança das pessoas ausentes por motivos de enfermidade, de trabalho ou de serviço em favor da comunidade; a recordação dos falecidos e seus familiares enlutados.

O comentarista, consciente de sua função, orienta a assembléia litúrgica com breves indicações sobre os cânticos, partes e os elementos da celebração.

Quem preside a assembléia, com palavras espontâneas e breves, saúda e acolhe a todos e os introduz no espírito próprio da celebração, despertando na assembléia a consciência de que está reunida em nome de Cristo e da Trindade para celebrar.

A equipe de liturgia, em conformidade com o tempo litúrgico e os acontecimentos da vida da comunidade, poderá iniciar a celebração com uma procissão, levando a imagem do santo da devoção do povo, bandeiras, estandarte, faixas, cartazes e símbolos expressivos da realidade e da vida de fé dos presentes, entronizando a Cruz e a Bíblia e no tempo pascal, o Círio.

O rito penitencial é um momento importante na celebração da Palavra. Ele prepara a assembléia à escuta da Palavra e à oração de louvor. Para que a comunidade externe melhor os sentimentos de penitência e de conversão, a equipe de liturgia, de modo criativo, poderá prever cantos populares de caráter penitencial, refrões variados, expressões corporais, gestos, espiritualidade e de se tornarem animadores da celebração litúrgica, para que dessa maneira possam instruir e formar o povo de Deus. (Doc. 43, CNBB, n.º 192)

símbolos e elementos audiovisuais que permitam à comunidade e às pessoas externarem melhor os sentimentos de
penitência e conversão, o reconhecimento das situações de pecado pessoal e social. Tenha-se o cuidado para não prolongar este rito de modo desproporcional às outras partes da celebração.

Aquele que preside concluirá os ritos iniciais com uma oração. Tendo em conta a assembléia e suas condições, quem preside poderá solicitar aos presentes, após uns instantes de oração silenciosa, que proclamem os motivos de sua oração — fatos da vida, aniversários, falecimentos, problemas, alegrias e esperanças — e, depois, concluirá a oração proposta, integrando as intenções no conteúdo e no espírito do tempo litúrgico.

Os textos das orações e das leituras para cada domingo ou solenidade tomam-se habitualmente do Missal e do Lecionário.

Liturgia da Palavra

A liturgia da Palavra compõe-se de leituras tiradas da Sagrada Escritura, salmo responsorial, aclamação ao Evangelho, homilia, profissão de fé e oração universal.

Nos dias de festa e nos domingos dos tempos fortes do Ano Litúrgico (Advento, Natal, Quaresma, Páscoa e tempo Pascal) é importante que as leituras Bíblicas sejam as indicadas para as celebrações Eucarísticas, pois elas muitas vezes parecem ser um providencial "recado" de Deus para a situação concreta da comunidade.

A proclamação do Evangelho deve aparecer como ponto alto da liturgia da Palavra, para o qual a assembléia se prepara pela leitura e escuta dos outros textos bíblicos.

Convém que as comunidades, conforme as circunstâncias específicas, encontrem, dentro da variedade de gestos possíveis, ritos que permitem valorizar e realçar o Livro da Palavra (Bíblia, Lecionário) e a sua proclamação solene. O Livro, sinal da Palavra de Deus, é trazido em procissão, colocado na Mesa da Palavra, aclamado antes e depois da leitura e venerado. Não é recomendável que o leitor proclame a Palavra usando o folheto.
Faz parte também da Liturgia da Palavra um tempo de meditação — silêncio, repetição, partilha — para buscar em comunidade o que o Senhor pede e para acolher a Boa Nova que sua Palavra comunica. Por isso, evite-se a pressa que impede o recolhimento. Pode-se guardar momentos de silêncio antes da motivação para a liturgia da Palavra, depois da 1ª e da 2ª leitura e ao concluir a homilia.

A Palavra de Deus a ser proclamada e a dimensão comunitária da celebração requerem dos ministros da Palavra uma adequada preparação Bíblico-Litúrgica e técnica. Por esta razão, leve-se em conta a maneira de ler, a postura corporal, o tom da voz, o modo de se vestir e a boa comunicação. Proclamar a Palavra é colocar-se a serviço de Jesus Cristo que fala pessoalmente a seu povo reunido.88

Salmo Responsorial e Aclamação

O Salmo Responsorial, Palavra de Deus, é parte integrante da liturgia da Palavra. É resposta orante da assembléia à 1ª leitura. Favorece a meditação da Palavra escutada. Dar-se-á sempre preferência a um salmo em lugar do chamado canto de Meditação.

O Aleluia ou, de acordo com o tempo litúrgico, outro canto de aclamação ao Evangelho, é sinal da alegria com que a assembléia recebe e saúda o Senhor que vai falar e da disponibilidade para o seguimento da mensagem da Boa Nova proclamada.

Homilia ou partilha da Palavra de Deus

A homilia é também parte integrante da Liturgia da Palavra. Ela atualiza a Palavra de Deus, de modo a interpelar a realidade da vida pessoal e comunitária, fazendo perceber o sentido dos acontecimentos, à luz do plano de Deus, tendo como referencial a pessoa, a vida, a missão e o mistério pascal de Jesus Cristo. A explicação viva da Palavra de Deus motiva a assembléia a participar na oração de louvor e na vivência da caridade, buscando realizar a ligação entre a Palavra de Deus e a vida, com mensagem que brota dos textos em conjunto e em harmonia entre si, atingindo a problemática do dia-a-dia da comunidade.

Quando oportuno, convém que a homilia ou a partilha da Palavra desperte a participação ativa da assembléia, por meio do diálogo, aclamações, gestos, refrões apropriados. Segundo as circunstâncias, quem preside convida os presentes a dar depoimentos, contar fatos da vida, expressar suas reflexões, sugerir aplicações concretas da Palavra de Deus. Poderá haver troca de idéias em grupo, seguida de uma breve partilha comum e a complementação de quem preside.

Profissão de Fé

O Creio é uma resposta de fé da comunidade à Palavra de Deus. Exprime a unidade da Igreja na mesma fé e sua adesão ao Senhor. Por isso, é significativo recitar ou cantar a profissão de fé nos domingos e nas solenidades. Existem três fórmulas do Creio: O Símbolo dos Apóstolos, o Símbolo Niceno-constantinopolitano e a fórmula com perguntas e respostas como a encontramos na Vigília Pascal e na celebração do batismo. Eventualmente, podem-se usar refrões cantados e adequados para que a comunidade manifeste a sua adesão de fé eclesial. Fé é adesão incondicional feita somente a Deus e não a pessoas, instituições ou movimentos humanos.

Oração dos Fiéis / Oração Universal

A oração dos fiéis ou oração universal, em geral, tornou-se um momento bom, variado e de razoável participação nas comunidades, "onde o povo exerce sua função sacerdotal". Nela, os fiéis pedem a Deus que a salvação proclamada se torne uma realidade para a Igreja e para a humanidade, suplicam pelos que sofrem e pelas necessidades da própria comunidade, da nação, da Igreja e seus ministros,96 sem excluir os pedidos de interesse particular das pessoas.

Após a oração dos fiéis pode-se fazer a coleta como expressão de agradecimento a Deus pelos dons recebidos, de co-responsabilidade da manutenção da comunidade e seus servidores e como gesto de partilha dos irmãos necessitados.

Momento do Louvor

Um dos elementos fundamentais da celebração comunitária é o "rito de louvor", com a qual se bendiz a Deus pela sua imensa glória. A comunidade reconhece a ação salvadora de Deus, realizada por Jesus Cristo e canta seus louvores. "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos". "Ele nos arrancou do poder das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, no qual temos a redenção — a remissão dos pecados".

A comunidade sempre tem muitos motivos para agradecer ao Senhor, seja pela vida nova que brota da Ressurreição de Jesus, como pelos sinais de vida percebidos durante a semana na vida familiar, comunitária e social.

O momento da ação de graças ou de louvor pode realizar-se através de salmos (salmos 99, 112, 135, 147, 150), hinos, cânticos, orações litânicas ou ainda benditos e outras expressões orantes inspiradas na piedade popular. Isso pode ser após a oração dos fiéis, a distribuição da comunhão ou, ainda, no final da celebração.

O momento de louvor não deve ter, de modo algum, a forma de celebração eucarística. Não faz parte da celebração comunitária da Palavra a apresentação das ofertas de pão e de vinho, a proclamação da oração eucarística própria da missa, o canto do Cordeiro de Deus e a bênção própria dos ministros ordenados. Também nas celebrações da Palavra não se deve substituir o louvor e a ação de graças pela adoração ao Santíssimo Sacramento.

A liturgia lembra constantemente a palavra revelada e, desta forma, evoca e atualiza os feitos salvíficos de Deus. O lembrar, faz com que a comunidade conheça a vontade de Deus, o que ele quer, seu projeto de salvação. Então, nasce a resposta à palavra de Deus, ou seja, o louvor, a ação de graças, a súplica, a intercessão, os gestos e as ações simbólicas. [9]

Oração do Senhor — Pai-Nosso

A Oração do Pai-nosso, que nunca deverá faltar na celebração da Palavra, pode ser situada em lugares diferentes conforme o roteiro escolhido para a celebração. A oração do Senhor é norma de toda a Oração do Cristo, pede o Reino, o pão e a reconciliação, e expressa o sentido da filiação Divina e da fraternidade. Evite-se sua substituição por cantos ou orações parafraseados. O Pai-Nosso pode ser cantado por toda a assembléia.

Abraço da Paz

O abraço da paz é expressão de alegria por estar junto aos irmãos e irmãs, é expressão da comunhão fraterna, é importante portanto que na celebração haja um momento para este gesto. Poderá variar o momento conforme o enfoque da celebração que estamos vivendo. Pode ser no início da celebração, após o ato penitencial, após a homilia, onde se realiza normalmente ou no final da celebração.

A Comunhão Eucarística

Nas comunidades onde se distribui a comunhão durante a celebração da Palavra, o Pão Eucarístico pode ser colocado sobre o altar antes do momento da ação de graças e do louvor, como sinal da vinda do Cristo, pão vivo que desceu do céu.

Compete ao ministro extraordinário da comunhão distribuir a sagrada comunhão todas as vezes que não houver presbítero ou diácono em número suficiente e que as necessidades pastorais o exigirem. A comunhão eucarística, de preferência seja distribuída da mesa (do altar).

Ritos de Comunhão

Oração do Pai-nosso,
Saudação da Paz,

Oração: Senhor todo-poderoso, criastes todas as coisas e nos destes alimentos que nos sustentam, concedei-nos crescer na vida espiritual pelo pão da vida que vamos receber, Por Jesus Cristo vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

O ministro, toma a hóstia e, elevando-a, diz em voz alta voltado para a assembléia:

"Irmãos e irmãs, participemos da comunhão do Corpo do Senhor em profunda unidade com nossos irmãos que, neste dia, tomam parte da celebração eucarística, memorial vivo da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. O Corpo de Cristo será nosso alimento".
Portanto:
Felizes os convidados para a Ceia do Senhor.
Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

ou
Eu sou o Pão vivo, que desceu do céu: se alguém come deste Pão, viverá eternamente.
Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

Assembléia:
Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo.
Se o ministro comungar, reza em silêncio:
Que o Corpo de Cristo me guarde para a vida eterna.

E diz a cada comungante:
O Corpo de Cristo.
Amém!

Durante a distribuição da comunhão a assembléia canta um hino apropriado.
Pode-se guardar durante algum tempo um silêncio ou entoar um salmo ou um cântico de louvor. A seguir o ministro conclui com a oração:
Restaurados à vossa mesa pelo Pão da vida, nós vos pedimos, ó Deus, que este alimento da caridade fortifique os nossos corações e nos leve a vos servir em nossos irmãos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

(ou)
Fortificados por este alimento sagrado, nós vos damos graças, ó Deus, e imploramos vossa misericórdia; fazei que perseverem na sinceridade do vosso amor aqueles que fortalecestes pela infusão do Espírito Santo. Por Cristo nosso Senhor.

(ou)
Alimentados com o mesmo pão, nós vos pedimos, ó Deus, que possamos viver uma vida nova e perseverar no vosso amor solidários com vossos filhos e nossos irmãos. Por Cristo nosso     Senhor.

Para o tempo pascal:
Senhor nosso Deus e Pai, pelo mistério da Páscoa que celebramos, fazei crescer em nossos corações e em nossas vidas os frutos da vossa aliança que hoje renovastes conosco. Dai-nos a alegria de vos servir, apesar das muitas dificuldades de cada dia. Por Cristo nosso Senhor.

Avisos.
Ministro invoca a bênção sobre os presentes:
Que o Senhor nos abençoe, guarde-nos de todo o mal e nos conduza à vida eterna.
Amém!

(ou)
O Senhor nos abençoe e nos guarde!
O Senhor faça brilhar sobre nós a sua face e nos seja favorável!
O Senhor dirija para nós o seu rosto e nos dê a paz.
Que o Senhor confirme a obra de nossas mãos, agora e para sempre.
Amém!

Abençoe-nos o Deus todo-poderoso, Pai, Filho e Espírito Santo.
Amém!

A alegria do Senhor seja nossa força vamos em paz e o Senhor nos acompanhe.
(ou)
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo. Para sempre seja louvado!

Nas comunidades onde não há distribuição de comunhão, este pode ser um bom momento para alguma ação simbólica, como: partilha do pão, recebimento do dízimo, coleta de donativos em vista de ajuda aos necessitados da comunidade. Pode-se realizar também a aspersão com água, sinal do batismo, ou outras expressões simbólicas ligadas à experiência religiosa da comunidade.

Ritos finais — Compromisso

Pelos ritos de despedida a assembléia toma consciência de que é enviada a viver e testemunhar a Aliança no seu dia-a-dia e nos serviços concretos na edificação do Reino.

Antes de se encerrar a celebração, valorizem-se os avisos e as notícias que dizem respeito à vida da comunidade, da paróquia ou da Diocese. Esses avisos podem ser uma forma de ligação entre o ato litúrgico e os compromissos da semana.

A bênção é um ato de envio para a missão e de despedida com a graça de Deus. É de suma importância que todos retornem às suas casas e ao convívio social, com um compromisso, com esperança, com a experiência de terem crescido na fraternidade e com a decisão de ser testemunhas do Reino.

Leia Também:
Documento 52 da CNBB
Orientações para Celebração da Palavra
Bibliografia

BARONTO, Luiz Eduardo P. Preparando passo a passo a celebração. Um método para as equipes de celebração das comunidades. Paulus.
  
CONGREÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Sagrada comunhão e o culto do mistério eucarístico fora da missa.

CNBB. Animação da vida litúrgica no Brasil, Doc. 43.

CNBB. Guia Litúrgico Pastoral, 2a edição.

CNBB. Orientações para a celebração da Palavra de Deus, Doc. 52.

DIA DO SENHOR: Guia para as celebrações das comunidades. Anos A, B e C.
INSTRUÇÃO GERAL SOBRE O MISSAL ROMANO. 3a edição. Paulus.

REVISTA DE LITURGIA. nos 150 e 206.

VATICANO II, Concílio. Constituição Conciliar Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia.

CNBB, Liturgia em Mutirão: subsídios para a formação, Fichas nº. 04, 05, 06, 09, 10, 54, 55, 56, 57, 66, 67, 68 ,69, 70 ,71.

Fonte:
Diocese de Bauru

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