01/07/2011

Pistas para a prática pastoral: como celebrar e viver a íntima união entre a liturgia da palavra e a liturgia eucarística

1. Na catequese, devemos apresentar a eucaristia como celebração da aliança, que comporta dois momentos: o diálogo da aliança e o rito.

2. É indispensável estudarmos a organização do lecionário, percebendo como nos conduz pela história da salvação que culmina na páscoa de Cristo e que continua em nossa história atual, pessoal e social. Devemos tomar consciência de que, pelo memorial eucarístico, participamos sacramentalmente do mistério proclamado na liturgia da palavra, ao longo do ano litúrgico e ao longo de toda a nossa vida.

3. Devemos superar a dicotomia entre liturgia da palavra e liturgia eucarística, cuidando bem dos ‘ganchos’ que ligam as duas partes: a homilia, as preces dos fiéis, o prefácio, o canto de comunhão retomando o evangelho do dia, a bênção final.

4. Sendo a liturgia da palavra um diálogo da comunidade com o Senhor Ressuscitado, mediada pelos ministérios dos leitores e leitoras, salmistas, homiliasta..., é importante cuidar da comunicação viva, auditiva e visual; que as leituras bíblicas não sejam acompanhadas em folhetos ou até mesmo com ‘a bíblia na mão do povo’, reforçando o individualismo.

5. É preciso cuidar da formação técnica, teológica e espiritual dos leitores e leitoras, salmistas, homiliastas...

6. Um belo paradigma (modelo) para a liturgia da palavra: Jesus conversando, na intimidade, com os discípulos sobre o Reino, no caminho, na praia, na montanha, no cenáculo (diferente do anúncio para os de fora, em praça pública). A ceia do Senhor vem sempre precedida ou acompanhada deste tipo de conversa.

7. Homilia é tarefa sagrada. Não pode ser confundida com sermão, e muito menos ser substituído por desabafos ou confidências do homiliasta. Deve interpretar as leituras bíblicas a partir da realidade atual, tendo o mistério de Cristo como centro do anúncio e fazendo a ligação com a liturgia eucarística (dimensão mistagógica) e com a vida (ortopráxis, compromisso, seguimento, missão...).

8. Levemos a sério o silêncio para acolher o mistério de Deus na palavra e na eucaristia. Vamos nos curar de nossa tagarelice e verborragia.

9. A palavra anunciada torna-se sacramento na eucaristia e deverá se tornar coração da realidade viva em nosso dia-a-dia. Principalmente a homilia é o momento de levar a uma tomada de consciência, uma conversão, um compromisso de assumirmos com mais empenho nossa responsabilidade como testemunhas do Cristo Ressuscitado no mundo.

10. A liturgia da palavra é anúncio profético do Reino; no confronto com nossa realidade nos leva a suplicar (na oração universal, prece dos fiéis, oração da comunidade) pelas ‘urgências’ do mundo, para que venha este reino, para que se realize o projeto do Pai. No final da celebração recebemos a bênção (possivelmente fazendo alusão às leituras proclamadas e ao mistério celebrado) para que possamos levar avante a missão de testemunhar e anunciar o evangelho de Cristo na sociedade.

Fonte:

Ione Buyst

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