13/02/2013

Papas que renunciaram na história da Igreja

 Papa Ponciano, (230-235) e santo da Igreja Cristã de Roma nascido em Roma, sucessor de Urbano I e que pois fim ao cisma iniciado com Calixto I e que continuava durante o seu pontificado. Eleito papa ainda durante o período do cisma, ordenou o canto dos Salmos, a recitação do confiteor Deo e o uso do Dominus vobiscum e pôs fim à heresia de Hipólito. Em cinco anos de pontificado, de grande ação pastoral, de oposições, de luta contra a heresia, apesar das pressões do seu irredutível opositor Hipólito (217-235), sacerdote romano, antipapa, personalidade de destaque na Roma cristã do 3º século, teólogo do clero de Roma, mas uma figura controversa pelas suas atitudes de intransigência e oposição à autoridade do pontífice, inclusive já entrara em contraste com o papa São Calisto (217-220), pelo seu rigorismo em relação aos adúlteros, aos quais recusava a reconciliação e o perdão, que por sua vez eram concedidos pelo papa. Foi vítima do Imperador Maximiniano, que iniciou uma era de perseguições, que o aprisionou, condenou e deportou (235) para a Sardenha para cumprir trabalhos forçados nas pedreiras da Sardenha. Demitiu-se do pontificado pouco depois de ter chegado à ilha, sendo esta a primeira vez que isso aconteceu na história dos papas. Sua renúncia tinha o magnânimo objetivo de não criar dificuldades à Igreja de Roma para a reconciliação com os seguidores de Hipólito, que chegou mesmo à ruptura total, autordenando-se bispo e fundando uma igreja própria, arrastando no cisma parte do clero e do povo de Rom. Hipólito, que também tinha sido condenado ao exílio e ao trabalho forçado nas minas, e o seu grupo foi reconduzido à Igreja de Roma, pondo fim ao cisma que durou vinte anos, e o papa morreu martirizado de sofrimentos na ilha de Tavolara, Sassari. O papa de número 18 foi sucedido pelo papa Santo Antero (235-236), de origem grega, que permaneceu na prisão durante seu brevíssimo pontificado.

Silvériopapa Papa da Igreja Cristã Romana (536-537) nascido em Frosinone, na Campânia, eleito em 1 de junho (536) como sucessor de São Agápito I (535-536), em cujo pontificado enfrentou várias vicissitudes tanto com Belisário, que desembarcou na Itália com a intenção de reconquistá-la e incorporá-la ao império do Oriente, como com a imperatriz Teodora, esposa de Justiniano. Filho do papa Hormisdas (514-523), que fora casado antes de assumir o ministério, foi eleito por determinação do rei dos godos Teodato, para suceder Agápito, que morrera em Constantinopla. O candidato de Constantinopla era Vigílio, secretário nas causas do Ocidente, com o apoio da imperatriz Teodora, que via nele o homem de que necessitava para assegurar suas ambições políticas, e não desistiu do trono pontifício, iniciando forte campanha contra o novo papa. Para complicar o papa recusou-se a atender ao pedido de Teodora, de admitir na Igreja bispos heréticos. Com a morte de Teodato (536), ela enviou seu general Belizário com as tropas bizantinas para prender o papa. Belisário entrou em Roma e o papa foi deposto e exilado na Lícia., e Vigílio consagrado papa (537). Do exílio o papa deposto, com a intervenção do imperador Justiniano, conseguiu obter a revisão do processo, demonstrar a sua inocência e voltar a Roma. Mas por ordem de Belisário, certamente a mando de Vigílio, novamente o papa legítimo foi preso e desterrado para a ilha de Pôncia, onde o papa de número 58 morreu abandonado algum tempo depois, e sucedido eclesiasticamente por Vigílio (537-555), que foi, então, reconhecido como papa pela maioria do clero romano. É devocionado no dia 20 de junho.


Papa João XVIII, Papa da Igreja Católica Romana (1004-1009) nascido em Roma, eleito em janeiro (1004) sucessor de João XVII (1003), que promoveu temporariamente a união da Igreja grega com a latina. O patrício romano Crescêncio foi substituído na liderança de Roma pelo violento Gregório, conti di Túsculum, nacionalista e inimigo de toda influência estrangeira, se tornou todo poderoso com a morte do imperador germânico Oto III, de apenas 22 anos. Com a morte do papa João XVII (1003), Gregório vislumbrou a mais uma oportunidade de colocar em seu lugar um de seus dois filhos, mas estes ainda eram muito crianças. Então resolveu esperar por outra oportunidade e apoiou a sua eleição para o trono de São Pedro. Em seus cinco anos e meio de pontificado dirigiu a Igreja, fez muitas realizações e promoveu e paz por todos os lugares alcançados pela Igreja Romana. Lutou tenazmente para que o cristianismo fosse difundido entre os bárbaros e os pagãos. Instituiu o bispado de Bramberga e realizou vários sínodos para levar mudanças à vida dos clérigos. Cansado de sua intensa atividade enquanto pontífice, abdicou voluntariamente e retirou-se para o mosteiro de São Paulo Fora dos Muros. Vivendo como monge, o papa de número 142 faleceu em Roma, e foi sucedido por Sérgio IV (1009-1012). A morte prematura do papa foi a oportunidade que Gregório esperava para realizar sua ambição. Colocou na Sé de Pedro, sucessivamente, seus dois filhos. O filho mais velho tomou o nome de Bento VIII e reinou por 12 anos (1012-1024).
Papa Bento IX, Papa da Igreja Cristã Romana (1032-1044/1045/1047-1048) nascido em Túsculo, uma antiga cidade da hoje Região do Lázio, ao sul de Roma, próxima do vulcão de Alban, que seria destruída pelos romanos (1191), que dando seguimento a dinastia de Túsculo, era primo de João XIX e de Bento VIII, foi eleito papa três vezes. Filho do conde Alberico de Túscolo, elegeu-se pela primeira vez (1032) quando tinha apenas 10 anos de idade. Por duas décadas os Conti de Túsculum ocuparam a Sé de Pedro com duas pessoas da família, João XIX e de Bento VIII., como se a Sé apostólica fosse uma propriedade deles e não queriam renunciar a isso. O conde Albericus di Tuscolum propôs inconseqüentemente à eleição de seu filho, sobrinho dos dois papas anteriores. O temor que seu pai inspirava e a compra de votos lhe valeram a maioria dos sufrágios e ele tornou-se Bento IX. Por causa de sua idade, não acharam bom conferir-lhe ainda as Ordens Sacras e resolveram esperar que ele terminasse seus estudos e atingisse a maioridade, e seu pai encarregou-se de governar a Igreja e administrá-la em nome de seu filho caçula. Em um de seus atos ordenou ao rei da Boêmia que transladasse a Praga as relíquias de Santo Adalberto. Como não se interessava pelos deveres de um Papa, tinha aversão pelas coisas eclesiásticas e não desejava senão divertir-se, sua vida era um escândalo para a Igreja. Deposto aos 22 anos (1044) pelo povo romano, foi expulso da cidade e refugiou-se no Mosteiro de Grottaferrata, e sucedido por Silvestre III, de Roma (1045). Foi eleito pela segunda vez em 10 de abril (1045), mas mais uma vez os romanos o obrigaram a renunciar em 1º de maio (1045), por interesses econômicos e políticos, e por corrupção. Foi sucedido por Gregório VI, de Roma (1045 1046) e por Clemente II, da Saxônia (1046 1047). Com a morte de Clemente II, retornou ao pontificado, eleito pela terceira vez em 8 de novembro (1047). Depois de oito meses, em 17 de julho do ano seguinte, renunciou ao pontificado, pelos conselhos de São Bartolomeu. Arrependido de sua vida turbulenta, fez-se monge de São Basílio, em Grottaferrata, onde morreu ainda bastante jovem e está sepultado. Papa de número 146/148/152, foi sucedido finalmente por Damasus II (1048).


Papa Celestino V, Monge eremita italiano nascido nas proximidades de Morrone, Isernia, que se tornou papa (1294) em substituição ao seu antecessor Nicolau IV (1288-1292), na época inadequado para o cargo por seu excessivo espírito de retidão e humildade e aura de santidade. As lutas entre os Orsini e os Colonna, somadas às epidemias e outros males, afugentaram de Roma os cardeais eleitores. Nascido de uma família de modestos camponeses, viveu por muito tempo como eremita sobre o monte Morrone, daí o seu nome, perto de Sulmona, fundando uma congregação de monges que receberam o nome de celestinos. Afinal, após 27 meses sucessivos de vacância papal após a morte do papa Nicolau IV (1292), com os cristãos pressionados pelas profecias que ameaçavam com castigos divinos se a Igreja permanecesse sem Pastor por mais tempo, o próprio profeta, foi escolhido por unanimidade para papa. Asceta convicto, o velho monge eremita foi trazido de seu retiro, em procissão e sobre uma paramentada montaria, acompanhado pelo rei de Nápoles Carlos II de Anju e seu filho, e coroado em agosto com o nome de Celestino V.  De caráter fraco e submisso e despreparado para o cargo, que aceitara sob o temor de contrariar a vontade de Deus, mudou-se para Nápoles, onde se deixou iludir pelo rei de Nápoles, que indicou a nomeação de 12 cardeais, sete franceses e cinco italianos, e comandou a distribuição de privilégios e cargos. Também, em prejuízo de outras ordens, concedeu inúmeros privilégios aos celestinos, a ponto da ordem ser abolida por seu sucessor. Assustado e consciente de não estar à altura da tarefa a ele confiada, depois de menos de quatro meses abdicou, pressionado especialmente pelo cardeal Benedetto Caetani, que foi eleito seu sucessor com o nome de Bonifácio VIII. Depôs em público consistório, nas mãos de seus eleitores, o elevado encargo e retirou-se humildemente. Seu sucessor, Bonifácio VIII, temendo que o santo e inocente monge, fosse utilizado pelos desordeiros, mandou com alguns de seus frades para o convento de Monte Fumone, o Castelo de Fumone, em Frosinone, onde morreu dois anos depois e foi sepultado em Aquila. Foi canonizado por Clemente V (1313) e é comemorado no dia 19 de maio.


Papa Gregório XII, 206º. Papa da Igreja Católica Romana (1406-1415) nascido em Veneza, cuja ação mais marcante no seu pontificado para a história do catolicismo foi definir a hóstia como o único elemento da missa, descartando o pão e restringindo o cálice ao sacerdote (1414). Nomeado Bispo de Castello (1380) e titular do Patriarcado de Constantinopla (1390), sob o papa Inocêncio VII (1336-1406) tornou-se secretário apostólico do Legado de Ancona e, finalmente (1405), Cardeal de San Mareo. Eleito papa pelos cardeais romanos em 19 de dezembro (1406), aos oitenta anos de idade, e adotou o nome de Gregório, que significa o que vigia.  Como papa viveu o período mais triste do cisma avinhonense, com três sedes papais: Ele, em Roma, Bento XIII, em Avinhão, e Alexandre V, em Pisa. Ao Concilio de Pisa (1409), nem ele nem o antipapa Benedicto XIII compareceram e ambos foram considerados depostos. Todos os seus esforços posteriores para unir a Igreja foram em vão. Nomeou dez cardeais e convocou um concílio para Cividale del Friuli, próximo a Aquileia (1409). Neste conclave onde poucos bispos apareceram, Bento XIII e Alexandre V foram acusados de cismáticos, de cometer perjúrios e de serem devastadores da Igreja. Quando Alexandre morreu, os cardeais de Pisa elegeram o antipapa João XXIII. Depois o Concilio de Constanza (1415), aceitou a sua autoridade como papa, para evitar a separação da Igreja. O imperador Sigismundo, com o consentimento de papa, proclamou o 16º Concílio Ecumênico, no qual reuniu bispos e representantes dos sete reinos cristãos. João XXIII foi acusado de muitos crimes, preso e enviado à prisão em Pisa. Bento foi preso e morreu na Espanha. O papa então renunciou em 14 de julho (1415), dez dias depois da famosa seção de Constanza, retirou-se da vida eclesiástica e faleceu em Recanati, pouco mais de dois anos depois, em 18 de outubro (1417). Só depois de sua morte é que assumiu o 207° papa, Martin V (1368-1431), que reinou nos 14 anos seguintes (1417-1431).


Papa Bento XVI ( 2005 - 2013 ), Cardeal alemão eleito o 266º papa da história (19-04-2005) nascido em Marktl am Inn, na Baviera, Sul da Alemanha, escolhido três dias depois de completar 78 anos, logo no segundo dia de conclave, para suceder o papa João Paulo II. Filho de um policial, o cardeal nasceu em um Sábado de Aleluia, em 16 de Abril, e morou em várias cidades devido às transferências do trabalho de seu pai. Opositora dos nazistas, sua família foi obrigada a se mudar para Auschau am Inn, nos Alpes da Baviera (1932). Com a aposentadoria de seu pai (1937), sua família mudou-se para Hufschlag, ainda na Baviera, onde viveu a maior parte de sua adolescência. Estudar latim e grego no ginásio e aos 12 anos decidiu pela carreira eclesiástica e entrou para o pequeno seminário de Traunstein, Baviera (1939). Foi convocado para a segurança de uma fábrica da BMW, em Munique, durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), enquanto continuava freqüentando as aulas no Maximilians-Gymnasium, em Munique. Cumprindo serviço militar obrigatório, alistou-se no treinamento básico da infantaria alemã (1944). Com a chegada dos aliados foi preso em um campo para prisioneiros de guerra. Libertado no mesmo ano, voltou para sua casa em Traunstein, e com seu irmão Georg, retornou ao seminário. Entrou (1947) no instituto teológico de Herzogliches Georgianum e estudou filosofia e teologia na Universidade de Munique e na Escola Superior de Freising. Quatro anos depois ele seu irmão eram ordenados padres pelo cardeal Faulhaber de Munique na catedral de Freising, durante a festa de São Pedro e São Paulo (1951). Recebeu seu doutorado em teologia pela universidade de Munique (1953) e produziu seu primeiro trabalho importante: Volk und Haus Gottes in Augustins Lehre von der Kirche. Foi professor titular de teologia nas universidades de Bonn (1959-1969) e de Munique (1963-1966). Também ensinou na Universidade de Tübingen (1966-1969) e de Regensburg, onde tornou-se professor de teologia dogmática e de história do dogma (1969), além de vice-presidente e reitor. Paulo VI o indicou arcebispo de Munique e Freising (1977) e cardeal no consistório, assembléia de cardeais presidida pelo sumo pontífice, daquele mesmo ano. Ainda foi bispo de Velletri-Segni e Ostia, antes do papa João Paulo II o nomear encarregado da Congregação para a Doutrina da Fé (1981), anteriormente conhecida como Tribunal da Santa Inquisição e renomeada (1908) pelo papa Pio X. Depois de 23 anos servindo como braço-direito do polonês Karol Józef Wojtyla, o papa João Paulo II,  tornou-se seu substituto. 

Fonte:

UFCG: Lista dos Papas

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