19/05/2012

A doutrina de Justino sobre Cristo

SÃO JUSTINO

O ponto de partida de Justino é que a razão ou Logos germinal é aquilo que une os homens a Deus e lhes dá conhecimento dEle. Antes da vinda de Cristo os homens possuíam como que sementes do Logos e foram capazes de chegar a facetas fragmentárias da verdade. O Logos, porém, agora,
"tomou forma e se fêz carne" 

em Jesus Cristo, encarnando-se inteiramente nEle.

Referências:  S. Justino:1 Apol. 32,8; 5,4.
Idem: 2 Apol. 8,1; 10,2; 13,3; 10,1.

O Logos é aqui concebido como a inteligência ou o pensamento racional do Pai; mas Justino afirmou que Ele não era distinto do Pai somente pelo nome, mas era numericamente distinto também.
Referências:  S. Justino: Dial. 128,4. 
Provas de que o Logos é outro que não o Pai. 
  Que o Verbo é outro que não o Pai pode ser mostrado:
 Pelas aparições de Deus no Velho Testamento,  
  como por exemplo, a Abraão entre os carvalhos de Manre, o que sugere que
"abaixo do Criador de todas as coisas,
existe um outro que é,
e é chamado,
Deus e Senhor", 

já que é inconcebível que o
"Mestre e Pai de todas as coisas
tivesse abandonado
todos os seus afazeres supra celestes
e se tornado visível
em um diminuto recanto do mundo". 


 
B. Pelas freqüentes passagens do Velho Testamento,  
  como por exemplo, em Gênesis 1, 26:
"Façamos o homem
à nossa imagem e semelhança", 

que representam Deus como que conversando com um outro, que presumivelmente é um ser racional como Ele mesmo.


Pelos textos que tratam da sabedoria, como Provérbios 8,22 e seguintes:

"O Senhor possuíu-me
no início de seus caminhos,
desde o princípio,
antes que fizesse suas obras.
Na eternidade fui concebida,
desde épocas antigas,
antes que a terra fosse feita", 

já que todos concordam que o gerado é diverso do gerante.
 Referências:  S. Justino: Dial. 56,4; 60,2; 62,2; 129,3 ss; 61,3-7; 62,4. 

 O Verbo é divino. 

  Embora diverso do Pai, o Verbo é divino, diz São Justino:
"Sendo Verbo
e primogênito de Deus,
Ele também é Deus".
"Assim, portanto,
Ele é adorável,
Ele é Deus", e
"nós adoramos e amamos,
depois de Deus,
o Logos derivado de Deus
incriado e inefável,
vendo que por nossa causa
Ele se fêz homem". 

Referências:  S. Justino: 1 Apol. 63,15;
Idem: Dial. 63,5;
Idem: 2 Apol. 13,4. 

 As funções do Logos. 

  À parte a Encarnação, as funções especiais do Logos são, de acordo com Justino, ser o agente do Pai em criar e ordenar o Universo, e revelar a verdade aos homens.
Referências:  S. Justino: 1 Apol. 59; 64,5; 5,4; 46; 63,10;
Idem: 2 Apol. 6,3; 10,1. 

 
 A natureza do Logos. 

  No que diz respeito à sua natureza, enquanto os outros seres são coisas feitas ou criaturas, o Logos é "gerado" de Deus, sua "criança" e "filho único":
"Antes de todas as criaturas", 

diz ainda Justino,
"Deus gerou,
no início,
uma potência racional
além de si mesmo". 

Por esta geração, entretanto, Justino não se refere à origem última do Logos ou razão do Pai, o que ele não discute; mas sua emissão para os propósitos da criação e revelação.
Esta geração ou emissão não acarreta, porém, nenhuma separação entre o Pai e seu Filho. Nós observamos em muito a mesma coisa quando um fogo é acendido de outro: o fogo do qual é acendido não é diminuído, mas permanece o mesmo, enquanto que o fogo que é acendido dele é visto existir por si mesmo sem diminuir o fogo original.

Referências:  S. Justino: 2 Apol. 6,3;
Idem: Dial. 62,4; 61,1; 100,2; 125,3; 105,1; 61,2;
Idem:1 Apol. 21,1.

Fonte:

O Verbo nos Escritos dos Padres Apologistas

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