13/07/2011

Clemente I, 23 de Novembro

Papa e Mártir (+ Roma, 97)


Escreveu uma famosa carta aos católicos de Corinto, restabelecendo com sua autoridade a paz ameaçada internamente naquela diocese. Trata-se de um documento de grande importância apologética, porque demonstra que, já naqueles tempos, se entendia que o Papa possuía uma verdadeira e efetiva autoridade sobre os demais bispos e as suas dioceses, e não apenas uma posição honorífica de precedência. Segundo a tradição, São Clemente sofreu o martírio na Criméia, para onde fora exilado e condenado a trabalhos forçados pelo imperador Domiciano.
São Clemente I,também conhecido como Clemente Romano (em latim, Clemens Romanus), foi o quarto papa da Igreja Católica, entre 92 e 101. Nascido em Roma, de família hebraica, foi o sucessor de Anacleto I (ou Cleto) e autor da Epístola de Clemente aos Coríntios (segundo Clemente de Alexandria e Orígenes), o primeiro documento de literatura cristã, endereçada à Igreja de Corinto. Ele foi o primeiro Papa Apostólico da Igreja. Discípulo de São Pedro, após eleito restabeleceu o uso da Crisma, seguindo o rito do primeiro Papa e iniciou o uso da palavra Amém nas cerimónias religiosas. É conhecido pela carta que escreveu para atender a um pedido da comunidade de Corinto, na qual rezava uma convincente censura à decadência daquela igreja, devida sobretudo às lutas e invejas internas entre os fiéis (consta que os presbíteros mais jovens teriam usurpado as prerrogativas dos mais velhos), estabelecia normas precisas referentes à ordem eclesiástica hierárquica (bispos, presbíteros, diáconos) e ao primado da Igreja de Roma, que se ressalta ainda mais pelo fato de São João Evangelista ainda estar vivo e não ter intervindo em tal crise.
Dividindo a cidade de Roma em sete distritos, determinou para  cada distrito um advogado, com a incumbência  de ativar conscienciosamente tudo que se relacionava aos cristãos, suas virtudes, os processos judiciários a que  haviam de responder, o modo como se haviam  perante a autoridade  perseguidora, declarações públicas que faziam, o martírio e  a morte. Estes protocolos, chamados  atos dos mártires, eram lidos  nas reuniões dos fiéis. Ao zelo  apostólico  do Santo Papa abriram-se  as  portas do próprio palácio imperial. Domitila, irmã do imperador Domiciano, cuja ferocidade contra os cristãos era conhecida, se converteu à Religião de  Jesus  Cristo. Ainda  mais:  exemplo foi de  todas as virtudes e  para os cristãos perseguidos,  um anjo de caridade, naqueles tempos aflitivos. 
   O imperador Trajano, vendo na propagação da religião cristã um perigo social e  religioso para o império e reconhecendo no Papa rival temível, citou-o perante o tribunal e  com ameaças de morte exigiu-lhe a abjuração da  fé e o culto dos deuses nacionais.  São Clemente não hesitou  nem um momento e  na presença da suprema  autoridade  romana, fez uma profissão de fé  belíssima, que não deixou o imperador em dúvida sobre a improficuidade do seu tentâmem. Aconteceu o que  era de esperar:   O Papa foi  condenado à morte.  O Breviário Romano,   diz que o santo Papa foi, com muitos cristãos, desterrado para a península da Criméia, onde haviam de  trabalhar nas pedreiras e minas. Se para Clemente era um consolo poder partilhar a  escravidão com seus filhos em Cristo, estes mais facilmente  se  conformavam com a triste sorte, vendo junto de si o Pai querido, o representante  de Deus  na Terra. 
   O que mais atormentava  os pobres cristãos, era a falta absoluta de  água,  no lugar onde trabalhavam. Muito penoso era o transporte deste precioso líquido, que só se achava na distância de  seis milhas. Clemente pediu a Deus que se compadecesse do povo, como se compadecera dos israelitas no deserto. Terminada a oração, viu no alto duma montanha um cordeirinho que,  com a  pata direita  levantada, parecia indicar um determinado lugar.  O santo Papa dirigiu-se  imediatamente ao lugar onde  lhe aparecera o cordeirinho e  com uma  enxada pôs-se a cavar a terra. Qual não lhe foi a alegria, quando logo ao primeiro golpe, viu brotar água, água deliciosa e  tão abundante que,  desde aquele  dia teve termo a aflição dos cristãos.  Estes  milagre não só contentou a estes;  também os  pagãos que,  vendo em Clemente um enviado do Céu, a ele  se dirigiram pedindo  fossem  aceitos como catecúmenos. Assim  muitos idólatras se  tornaram adoradores de Jesus Cristo e os templos pagãos, antes antros  do mais abjeto culto diabólico, transformaram-se em  igrejas cristãs.  Este espetáculo grandioso perante Anjos e  homens despertou naturalmente o ódio nos corações dos sacerdotes pagãos, que se apressaram em denunciar Clemente. 
       A resposta imperial não se deixou esperar. O governador  Aufidiano, autorizado por Trajano a  pôr um dique à propaganda  cristã, custasse o que custasse, condenou à morte Clemente e  intimou os cristãos a  que abandonassem a religião de Cristo. Algemado, foi  Clemente levado a um navio, que o transportou ao alto mar.  Lá chegado, puseram-lhe  uma âncora de  ferro ao pescoço e  precipitaram-no na água.  Isto aconteceu  a  23 de novembro do seu último ano apostólico.  Os cristãos  consternados  pela perda do seu Pastor, pediram a Deus que não deixasse o corpo do mártir entregue ao jogo das ondas, mas que restituísse ao carinho e à veneração dos  filhos espirituais.  
       Aufidiano e  sua  gente  mal se tinham afastado, quando o mar espontaneamente, retrocedeu a  uma distância de  três milhas, até o lugar onde  tinha  sido mergulhado o corpo do santo Papa-Mártir. O mais que aconteceu, foi de todo extraordinário. Aos olhos pasmados  dos cristãos apresentou-se  um pequeno templo de mármore branco. Pressurosos correram para lá e, chegando ao templo, nele encontraram o corpo de São Clemente, colocado num ataúde, tendo ao lado a âncora pesada. Quando se  dispuseram a retirar suas santas relíquias, Deus manifestou sua vontade, que não o fizessem;  que o deixassem repousar  no mesmo lugar  e  que o mar, anualmente, durante sete  dias, franqueasse o acesso ao túmulo. Assim aconteceu.  As relíquias de  São Clemente  ficaram no fundo do mar, guardadas  por santos Anjos, até o século IX, quando, sob o governo do Papa Nicolau I, os santos missionários Cirilo e  Metódio as  trouxeram para Roma,  onde foram depositadas  na Igreja de São Clemente, onde se acham  até  agora. 

Fonte:

Página Oriente

Wikipédia

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